O império da família Madaleno, ligado ao bilionário Álvaro Sobrinho e hoje com fortes laços com o Presidente João Lourenço, continua a expandir-se à sombra de contratos milionários sem concurso público e sem transparência.
Segundo apurou o Secreto News, a mais recente obra atribuída ao grupo, a construção do Centro de Convenções da Chicala, está envolta em fortes suspeitas de favorecimento e gestão opaca do dinheiro público. O projecto, inicialmente orçado em 100 milhões de dólares, já terá ultrapassado a marca dos 300 milhões, com fontes próximas a alertarem que o custo final poderá chegar aos 700 milhões de dólares.
A obra, que inclui uma ponte de 100 metros e equipamentos de última geração, é apresentada como parte da “visão de investimento público-privado”. No entanto, a fronteira entre interesse de Estado e interesse privado tornou-se cada vez mais difusa, um retrato preocupante da forma como o poder político e o capital privado se confundem na actual governação.
Especialistas ouvidos pelo Secreto News afirmam que o caso reforça a percepção internacional de falta de rigor e transparência, factores que já contribuíram para o regresso de Angola à lista de alto risco do GAFI e para a preocupação expressa pelo Banco Central Europeu (BCE) sobre possíveis práticas de branqueamento de capitais.
Fontes do sector revelam ainda que Sílvio Madaleno, o empreiteiro principal, exibe influência em diversos órgãos do Estado, incluindo a Procuradoria-Geral da República (PGR), através de ofertas de viaturas, imóveis e avultadas quantias em dinheiro. A mesma família controla a Marina da Ilha de Luanda e vários condomínios de luxo no Talatona, consolidando uma posição dominante na elite económica nacional.
Num Estado de Direito real, este caso já teria motivado acções da PGR e do Tribunal de Contas, com investigações até ao mais alto nível do Executivo. Mas em Angola, onde a promiscuidade entre poder e negócios se normalizou, a pergunta permanece: quem fiscaliza os que decidem sobre o dinheiro de todos?

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