AS INCONGRUÊNCIAS DE JOÃO PINTO: IGAE SOB SUSPEITA DE AUTORITARISMO E FAVORECIMENTO POLÍTICO



A Secreto News teve acesso a informações que expõem um ambiente de intimidação e contradições internas na Inspecção-Geral da Administração do Estado (IGAE), instituição que deveria zelar pela transparência e boa governação. No centro da polémica está o Inspector-Geral João Pinto, acusado de agir de forma autoritária e politicamente alinhada com os governadores provinciais, minando a independência do órgão de fiscalização.


De acordo com fontes internas, o delegado provincial do Huambo, Gibson Abílio Kawnde, foi exonerado em janeiro de 2025 depois de questionar uma despesa de 75 milhões de kwanzas em obras sem contrato formal. A sua actuação estava em conformidade com os estatutos da IGAE, que obrigam à verificação da legalidade de todas as despesas públicas. No entanto, o simples facto de ter confrontado o governo provincial bastou para que fosse afastado, alegadamente por ordem directa do Inspector-Geral.

O mesmo padrão repetiu-se na Huíla, onde o delegado Filomeno Vunje foi transferido para o Uíge sob o pretexto de “rotatividade”, mesmo tendo cumprido apenas dois anos no cargo. 


Fontes revelaram ao Agita News que o verdadeiro motivo foi a sua intransigência perante práticas suspeitas do governador Nuno Mahapi, que não aceitava ser fiscalizado.

A repressão contra inspectores independentes não parou aí. A delegada Maria de Lemos, que havia criado a representação da IGAE no Icolo e Bengo, foi exonerada após apenas seis meses, também por pressão do governo local.

Estas decisões, dizem os técnicos da instituição, criaram um clima de medo e autocensura, onde fiscalizar governadores tornou-se um risco de carreira. “Na lógica de João Pinto, quem é nomeado pelo Titular do Poder Executivo está acima de suspeitas. Assim, a IGAE passou a olhar para o lado diante de casos de sobrefaturação e má gestão no PIM e nos programas de combate à pobreza”, contou uma fonte interna ao Secreto News.


Para agravar o cenário, o Inspector-Geral afastou três quadros seniores com experiência comprovada, alegando “razões de gestão interna”. Dentro da instituição, a leitura é clara: quem não se submete à sua vontade, é afastado.


O resultado é uma IGAE fragilizada e sem independência, onde o discurso de combate à corrupçã0 não resiste à prática do poder arbitrário.

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