MUNICÍPIO DA INGOMBOTA COMO REFERÊNCIA PELA OMS NA LUTA CONTRA CÓLERA



O município da Ingombota, localizado na província de Luanda, tem se destacado como um exemplo na luta contra a cólera, atraindo a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS). A escolha do município para uma reportagem da OMS reflete o sucesso das medidas preventivas e de combate implementadas pelas autoridades locais.


Em uma entrevista realizada no dia 4 de junho, a Administradora Municipal da Ingombota, Milca Caquesse, destacou que os resultados positivos são fruto de uma abordagem séria e do cumprimento rigoroso das diretrizes estabelecidas. “A comunicação foi um fator em que apostamos. Levamos os nossos especialistas aos bairros para ensinar a lavagem das mãos, triplicámos as ações de limpeza pública e realizámos 816 palestras de sensibilização. Sensibilizar e educar é a chave”, afirmou.


Graças a essas iniciativas, o município não registrou novos casos de cólera há mais de três semanas. A equipe da OMS visitou o Centro de Tratamento da Cólera e o Ponto de Reidratação no bairro da Boavista para observar de perto as ações bem-sucedidas. 


Maria Teresa da Silva, uma mãe de três filhos e membro da comunidade da Boa Vista, exemplifica o espírito coletivo que tem contribuído para o controle do surto. Desde que os primeiros casos foram reportados em janeiro de 2025, ela se uniu a um grupo de mulheres para educar vizinhos, distribuir produtos de higiene e promover práticas de prevenção. “Temos de arranjar tempo e apoiar-nos mutuamente para proteger a nossa saúde e salvar vidas”, enfatizou.


Milca Caquesse também mencionou os desafios iniciais, como a falta de informação que impedia muitas famílias de procurarem serviços de saúde. Para contornar isso, as autoridades organizaram 800 sessões de sensibilização, construíram tanques de água, e implementaram campanhas sobre saneamento básico.


A Dra. Genoveva Mafu, coordenadora clínica do centro de tratamento, reforçou a importância da prevenção: “Sabemos que a prevenção é fundamental no controle da cólera: água potável, saneamento e informação”. 


Além disso, o Ministério da Saúde, com apoio da OMS, formou mais de 8.000 mobilizadores comunitários e 4.450 líderes na detecção precoce e tratamento. As campanhas de sensibilização alcançaram mais de 8 milhões de pessoas, aumentando a confiança da população nos serviços de saúde.


Mateus Mariano Miguel, presidente da Comissão de Moradores da Boa Vista, destacou a resposta massiva da comunidade. “Continuamos a trabalhar, mesmo sem novos casos, porque sabemos que a prevenção nunca deve parar.”


As autoridades também formaram 1.000 profissionais de saúde e ativaram quase 140 equipes de vigilância. Em um contexto onde Angola enfrenta o pior surto de cólera em quase duas décadas, a Ingombota se mostra como um farol de esperança, com redução significativa no número de casos e mortes.


Dr. Indrajit Hazarika, representante da OMS em Angola, elogiou os esforços e a colaboração contínua: “Quando as comunidades estão capacitadas e envolvidas, é possível salvar vidas e restaurar a dignidade.” Com essas ações, a Ingombota não apenas se destaca, mas se torna uma referência na luta contra a cólera, inspirando outros municípios a seguirem o exemplo.

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