Global Media: Álvaro Sobrinho está por trás do fundo misterioso que comprou “DN”, “JN” e TSF em 2023
O misterioso World Opportunity Fund, que comprou a maioria do capital da dona do DN, JN, TSF e O Jogo e depois foi obrigado a vendê-la por não revelar os seus donos, tinha por trás o ex-banqueiro angolano acusado de desviar dinheiro do BES Angola.
O semanário Expresso desfez o mistério (https://expresso.pt/sociedade/2025-01-30-global-media-alvaro-sobrinho-esta-por-tras-do-fundo-misterioso-que-comprou-dn-jn-e-tsf-em-2023-44408303?sfnsn=wa)sobre os donos do fundo das Bahamas que agitou o mercado dos media nacionais em 2023. Um deles, talvez o único investidor do fundo, é Álvaro Sobrinho, como o próprio reconheceu em entrevista ao Expresso, afirmando desconhecer outros investidores naquele fundo. Foi o ex-banqueiro angolano que indicou o fundo a José Paulo Fafe em 2022, quando este o procurou para saber se estaria interessado em comprar a maioria do capital da Global Media a Marco Galinha. Com Fafe estava Luís Bernardo, o consultor de comunicação que também prestou serviços a Sobrinho. E os quatro encontraram-se já depois de fechado o negócio, contou Álvaro Sobrinho ao
Expresso, no Farol Hotel, propriedade do oligarca russo Markos Leivikov, sócio e sogro de Galinha, para lhe “agradecerem” o papel que teve no negócio.
Nas declarações prestadas numa audição parlamentar, Galinha e Fafe afirmaram desconhecer quem seriam os donos do World Opportunity Fund. Em janeiro de 2024, José Paulo Fafe contou aos deputados que tinha sido um “amigo” a indicar-lhe o fundo, mas recusou-se (https://www.esquerda.net/artigo/administrador-da-global-media-distribui-culpas-pela-crise-instalada/89179) a identificá-lo, Galinha disse em entrevista (https://eco.sapo.pt/2023/11/28/marco-galinha-investiu-alem-das-possibilidades-na-salvacao-da-global-media/) que o fundo podia ter “100 mil subscritores”, embora o máximo permitido para aquele tipo de veículo financeiro sejam 50 participantes. Segundo o Expresso, a empresa de Fafe mudou de nome para Concept & Connect Consultores e tem como representante legal uma administradora de várias antigas empresas de Álvaro Sobrinho.
As ligações de Sobrinho a este fundo das Bahamas já eram conhecidas desde a insolvência da Printer Portuguesa, a gráfica que detinha em Sintra. O principal credor era o World Opportunity Fund, seguido do Sithma, outro fundo registado nas Bahamas com a mesma morada e representado pelo mesmo advogado. O dinheiro injetado na gráfica de Sobrinho tinha como garantia uma hipoteca que nunca foi registada na Conservatória e a contrapartida do investimento era uma taxa de 3,5%, uma rentabilidade inferior à do imobiliário ou mesmo à dos certificados de aforro à época.
A razão para tanto mistério quanto à identidade do novo dono do grupo de comunicação é fácil de perceber: além das óbvias questões da idoneidade, há uma década que Sobrinho vê os seus bens arrestados em Portugal à conta dos processos em que é acusado de ter ficado com centenas de milhões de euros do BES Angola e ter facilitado o desvio de outros milhares de milhões em créditos concedidos a empresa
s-fantasma quando presidia ao banco entre 2007 e 2012. Foi a esse bloqueio financeiro que o ex-banqueiro apontou a responsabilidade da insolvência da Printer, entretanto adquirida em leilão por investidores chineses.
Quando a Entidade Reguladora da Comunicação decidiu retirar os direitos de voto ao World Opportunity Fund na Global Media, depois da recusa em identificar os beneficiários do fundo e de meses de salários em atraso e anúncios de despedimentos durante a gestão de José Paulo Fafe, a fatia adquirida por Sobrinho voltou às mãos de Galinha e o grupo acabou cortado em dois, com a venda do Jornal de Notícias, TSF, O Jogo, Evasões, Volta ao Mundo e outros títulos a um grupo de empresários distribuidores de tabaco e jornais.
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