Esquema da Mota-Engil e o envolvimento de Minoru Dondo. Como adquiriu os 29% das acções



Apesar da empresa Mota-Engil estar presente em Angola há 70 anos, a mais antiga empresa portuguesa a operar no país, terá perdido aceitação ou mesmo confiança do actual Executivo liderado por João Manuel Gonçalves Lourenço, por conta de vários escândalos financeiros e sobrefacturações nos orçamentos assim como lavagem de dinheiro denunciada pelos americanos.

António Mota e o seu filho, Manuel Mota, olhando na falta de oportunidades na aquisição de obras, tiveram a ocasião de reunir com o Presidente da República, João Lourenço, em Novembro, durante a visita do Chefe de Estado a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa tendo apresentado várias propostas mas que não mereceu atenção desejada.


Para atingir a meta de um crescimento na ordem dos dois dígitos, uma vez que acarteira de obras da Mota-Engil em Angola ronda os 909 milhões de dólares, o Administrador Executivo da companhia, Manuel Mota, caçou o dono da VMD, Vladimir Dondo para que este pudesse fazer lobby com o Palácio Presidencial e, em troca receberia uma percentagem que esteve na tutela do Banco Atlântico.



Conforme noticiou alguns órgãos estrangeiros, a entrada de Valdomiro Minoru Dondo no capital social da Mota-Engil Angola tem um significado que extravasa o plano estritamente empresarial. O seu reaparecimento em negócios proeminentes pode igualmente ser um sinal de que Minoru Dondo restabeleceu relações com o poder instalado no Palácio da Cidade Alta, residência oficial do Presidente da República de Angola para se ter contrato de várias obras emblemáticas do país. A estratégia já funciona e a Mota-Engil já trabalha em vários investimentos estratégicos do país com orçamentos bilionários.


Em março do ano em curso, a Mota-Engil Angola acabou de anunciar um novo acionista minoritário, Valdomiro Minoru Dondo, comprou a posição de 29% que estava na posse do Banco Millennium Atlântico, porém este acesso de acionista é resultante da manobra que o homem que tem mais de 20 empresas em Angola terá feito com o Palácio Presidencial.



MANUEL MOTA FICA SURPRESO COM OS LUCROS DOS NEGÓCIOS COM ANGOLA



 O presidente executivo da Mota-Engil Africa, revelou em Dezembro do ano passado que a empresa deverá crescer 30% em Angola, em linha com o grupo, destacando o investimento contínuo no país, com realce para o Corredor do Lobito.


Segundo Manuel Mota, que falava em Luanda à margem da cerimónia de entrega dos prémios Manuel António da Mota, em 2023 a faturação do grupo cresceu de 3,8 para mais de 5 mil milhões de euros de faturação e a atividade em Angola “está a crescer de forma muito parecida”, na ordem dos 30%.


“A nossa atividade vai crescer este ano em Angola e queremos continuar a dar resposta aos desafios que o governo angolano nos tem apresentado”, salientou.


Em Janeiro deste ano, as grandes novidades começaram a surgir quando a construtora portuguesa Mota-Engil assinou com o Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação (MINOPUH) um contrato de “empreitada para a “concepção, projecto e construção, e conclusão das infraestruturas da marginal da Corimba”, no valor inicial de 670 milhões USD.


PERIGO DE SE MOTA-ENGEL A OPERAR EM ANGOLA


Em 2020, o diplomata americano, George Glass admitiu, na entrevista ao Expresso, eventuais “sanções” para as empresas portuguesas envolvidas em negócios com congéneres chinesas, apontando o caso do grupo Mota-Engil, que acusou de ter vendido “por 30 moedas de prata” 30% do seu capital aos chineses da China Communications Construction Company, Ltd. (CCCC).


“É uma empresa bandeira de alta qualidade que agora tem uma enorme influência de uma entidade estrangeira. Se forem fazer negócios em Angola, em Moçambique ou no México, esses países têm respeito por uma empresa portuguesa de topo. Mas agora devem ter a consciência de que há uma influência maligna que pode ter intenções diferentes em relação ao negócio”, afirmou o diplomata.

Comentários