Favorito de JLo: Silvestre Tulumba quer entrar na estrutura accionista do BFA e da UNITEL

 


O Banco de Fomento Angola (BFA) vai voltar a estar no centro das atenções, com o anúncio de que os dois acionistas da instituição, a Unitel e o BPI, se preparam para vender até meados de julho parte das suas posições através de um IPO (oferta pública inicial). A operadora de telecomunicações controlada a 100% pelo Estado angolano deverá alienar 15% e o banco português, detido pelos espanhóis do Caixabank, colocará no mercado 14,75% do capital.

 

A principal novidade neste processo está mesmo na identificação dos investidores institucionais eventualmente interessados em adquirirem uma posição qualificada no banco. A par do fundo londrino Gemcorp, há agora a indicação de que o grupo Silvestre Tulumba irá participar nesta operação.

 

A alteração da estrutura acionista do BFA é um assunto antigo. O BPI, em 2023, chegou a manter negociações com o grupo Carrinho e a Gemcorp para vender a totalidade da sua participação de 48,1%, mas em julho desse mesmo ano travou as negociações, uma decisão que justificou com a contínua depreciação do kwanza, a moeda angolana.

 

O calendário estimado do IPO foi comunicado à Bolsa de Valores e Dívida de Angola (Bodiva), segundo avançou o Jornal Económico, e acaba por confirmar a indicação transmitida em dezembro de 2024 pelo secretário de Estado para as Finanças e Tesouro de Angola, Ottoniel dos Santos, segundo a qual as privatizações da Unitel, BFA e Standard Bank, através da venda de ações em bolsa avançariam até final do primeiro semestre de 2025.

 

Esta nova configuração de alienação parcial do BFA vai igualmente conduzir a uma mudança dos potenciais candidatos à compra de 29,75% do capital do banco. O grupo Carrinho, que esteve em negociações com o BPI em 2023, não irá agora entrar na corrida, sabe o Negócios.

 

Em contrapartida, o grupo liderado por Silvestre Tulumba Kapose, o qual se encontra em franca ascensão, deverá dar um passo em frente. O empresário, que controla o Banco de Crédito do Sul (BCS), já demonstrou interesse em entrar no BFA e também na Unitel, a qual possui uma posição de 51,9% no banco.

 

BFA entregou 39 milhos ao BPI
O grupo Silvestre Tulumba anunciou, em março deste ano, a criação de um complexo industrial no Kikuxi, em Luanda, através da participada POIBA - Polo Industrial de Bebidas e Alimentos de Angola, Lda. De acordo com o Rádio Nacional de Angola a unidade será inaugurada em setembro e destina-se a produzir bens alimentares essenciais, tais como massas e óleo. Este tipo de projetos tem sido estimulado pelo Presidente de Angola, João Lourenço, o qual pretende baixar drasticamente a importação de bens alimentares, contribuindo para uma descida da inflação por via de redução dos preços.

 

A par do grupo Silvestre Tulumba, o cenário da Gemcorp manter o interesse no BFA é traçado por outras fontes. Este grupo com sede em Londres tem uma importante atividade em Angola no financiamento de grandes obras. Já este ano, o fundo negociou com Angola um financiamento de dois mil milhões de dólares (1,92 mil milhões de euros).

 

A Gemcorp, que começou a fazer negócios no país em 2007, está envolvida, por exemplo, na construção da nova refinaria de Cabinda, reabilitação e expansão das redes de transmissão da Angola Telecom. O fundador da Gemcorp é o búlgaro Atanas Bostandjiev.

 

O BPI avalia a posição de 48,1% que possui no BFA em 340 milhões de euros. Neste pressuposto, a venda de uma participação de 14,75% poderá render cerca de 100 milhões de euros. Em 2024, o BFA contribuiu com 39 milhões para o lucro de 588 milhões de euros registado pelo BPI.

 

O BFA ocupa o 39.º lugar entre os 100 melhores bancos africanos, num "ranking" elaborado pela African Business Magazine, sendo o mais bem posicionado entre as instituições financeiras angolanas.


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