Manuel Hélder Vieira Dias Jr., conhecido como "General Kopelipa," é um destacado oficial militar e político angolano. Ele atuou como Diretor-Geral do Serviço Nacional de Inteligência Estrangeira e posteriormente tornou-se Chefe do Estado-Maior Militar sob o ex-presidente José Eduardo dos Santos. Ao longo dos anos, desempenhou um papel crucial na governança de Angola, exercendo influência significativa sobre os assuntos econômicos e militares do país.
Nascido em 4 de outubro de 1953, em Angola, Dias Jr. ascendeu nas fileiras das forças armadas angolanas e ganhou destaque dentro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Seus laços próximos com a administração dos Santos permitiram que ele acumulasse grande poder político e econômico.
Alegações de Corrupção
Manuel Hélder Vieira Dias Jr. foi implicado em vários escândalos de corrupção de alto perfil. Juntamente com Manuel Domingos Vicente (ex-vice-presidente de Angola) e Leopoldino Fragoso do Nascimento, ele fazia parte de um grupo conhecido como "Triunvirato Presidencial." Esse grupo teria participado de atividades financeiras ilícitas que desviaram grandes somas de dinheiro público para mãos privadas. As principais alegações de corrupção incluem:
Redes Bancárias Privadas e Lavagem de Dinheiro
Investigações do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) revelaram que Dias Jr. e seus associados criaram uma rede bancária privada para facilitar a lavagem de dinheiro em grande escala. Esse sistema permitiu que as elites angolanas canalizassem centenas de milhões de dólares para Portugal e outras partes da União Europeia.
O esquema envolvia o controle de bancos angolanos importantes, como o Banco Africano de Investimentos (BAI), o Banco de Negócios Internacional (BNI) e o Banco Privado Atlântico (BPA). Essas instituições teriam facilitado transações financeiras ilícitas, beneficiando altos funcionários do governo.
Escândalo da Sonangol e Corrupção no Setor Petrolífero
Dias Jr. e seus associados foram ligados à corrupção dentro da Sonangol, a empresa estatal de petróleo de Angola. Relatórios indicam que eles usaram suas conexões políticas para adquirir participações em acordos petrolíferos lucrativos sem a devida supervisão.
A concessão de blocos petrolíferos em águas profundas a empresas associadas ao Triunvirato, incluindo a Nazaki Oil and Gas, foi feita sem licitação pública, levantando suspeitas de tráfico de influência e apropriação indevida de recursos nacionais.
Controvérsia na Privatização da Movicel
Em 2009, o governo privatizou 80% da Movicel, operadora nacional de telecomunicações de Angola, sem um processo de licitação competitivo.
A Portmill - Investimentos e Telecomunicações, uma empresa ligada a Dias Jr., adquiriu uma participação significativa na Movicel em circunstâncias suspeitas. Não há confirmação oficial de que o preço de compra de US$ 200 milhões tenha sido realmente pago ao Estado.
Fraude no Banco Espírito Santo Angola (BESA)
A aquisição de participações no BESA pela Portmill levantou mais suspeitas. A Portmill obteve um empréstimo de US$ 400 milhões do Banco Angolano de Investimentos (BAI), onde Vicente e Dias Jr. tinham influência significativa.
O empréstimo foi concedido sem garantias, e a Portmill não tinha histórico de atividade comercial anterior, sugerindo que era uma fachada para ganhos financeiros ilícitos.
Violações dos Direitos Humanos
Dias Jr. também foi associado a graves violações dos direitos humanos. Durante seu mandato como alto oficial militar e chefe de inteligência, as forças de segurança sob seu comando foram acusadas de reprimir a oposição política, restringir a liberdade de imprensa e realizar execuções extrajudiciais. Relatórios de organizações internacionais destacam:
Repressão contra ativistas pró-democracia e jornalistas.
Uso de forças de segurança do Estado para intimidar opositores políticos.
Abusos sistemáticos contra civis em regiões com sentimentos antigovernamentais.
Escrutínio Internacional e Sanções
Devido ao seu suposto envolvimento em corrupção e violações dos direitos humanos, Dias Jr. está sob escrutínio internacional:
Lei Global Magnitsky: Uma submissão formal ao Departamento de Estado dos EUA e ao Departamento do Tesouro recomendou sanções contra Dias Jr. e seus associados.
Investigações Portuguesas: As autoridades portuguesas investigaram transações financeiras ilícitas envolvendo Dias Jr. e sua rede bancária, mas obstáculos políticos e legais dificultaram os processos.
Relatórios de Transparência Internacional e OCCRP: Organizações internacionais expuseram suas atividades ilícitas, pedindo maior responsabilização e recuperação de ativos.
Manuel Hélder Vieira Dias Jr. continua sendo uma das figuras mais controversas da história recente de Angola. Seu envolvimento extenso em corrupção, crimes financeiros e violações de direitos humanos o tornou alvo de investigações internacionais e sanções.
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