A “Teia” do Poder de Álvaro Sobrinho: A Fortuna de Sobrinho



A colossal fortuna que Álvaro Sobrinho detém não está nem em Angola, nem em Portugal, nem na Suíça, mas sim no Dubai, no instituto Legatum, propriedade exclusiva da sua família, onde estão guardados cerca de 1.6 biliões de USD do dinheiro roubado ao BESA, para além da imersa e complexa rede de empresas offshore controladas directa e indirectamente por Sobrinho e sedeadas em paraísos fiscais da mais variada proveniência e quase todas desconhecidas. Aqui se listam algumas, reslutantes de uma análise recente:


- White Ceder Limited (Ilhas Virgens Britânicas);


-Nateus Limited (Ilhas Seychelles) – ver abaixo também;


-Signet Wealth Management (Genebra, Suíça);


- Morning Consulting Limited (Ilhas Virgens Britânicas) com endereço indicado uma morada da Truvest AG na Cidade de Zug, na Suíça;


- White Ceder Limited (Ilhas Samoa), endereço indicado é a morada de Sobrinho em Luins, na Suíça;


- Antao Holdings Limited (Ilhas Seychelles) , endereço indicado é a morada de Sobrinho em Luins, na Suíça;


- Ulys Enterprises Limited (Ilhas Samoa) , endereço indicado é a morada de Sobrinho em Luins, na Suíça;


- Sherio Mangement Limited (Ilhas Samoa) , endereço indicado é a morada de Sobrinho em Luins, na Suíça;


- Dalu Limited (Ilhas Seychelles);


- Best Yield Limited (Ilhas Seychelles);


- Leve International Corporation (Panamá);


- Daluem Investments Limited (Ilhas Seychelles);


- Olho International Limited (Ilhas Seychelles);


- Justus Holdings Limited (Ilhas Seychelles);


- Vertical Intec Holdings Limited (Ilhas Seychelles);


- Finta Investments Limited (Ilhas Seychelles);


- Onda Holding Corporation (Panamá);


- Rodfire Assets Limited (Ilhas Virgens Britânicas) via Nateus;


- Numark Services Limited (Ilhas Virgens Britânicas) via Nateus;


- Savana Prime Limited (Ilhas Virgens Britânicas) via Nateus;


- Phelps Properties Limited (Ilhas Virgens Britânicas) via Nateus;


- Fielka SA (Ilhas Seychelles) via Nateus;


- Tendy International Limited (Ilhas Seychelles) via Nateus. Acções ao portador;


- Trancy Investments Limites (Ilhas Seychelles) via Nateus. Acções ao portador;


- Almika Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd intermediário. Endereço de registo Corpura AG, Fortunagasse 40, Zurique, Suíça;


- Garentas Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd intermediário. Endereço de registo Corpura AG, Fortunagasse 40, Zurique, Suíça;


- Mazaracaia Inc. (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd intermediário. Endereço de registo Corpura AG, Fortunagasse 40, Zurique, Suíça;


- Girasolle Investments, Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário;


- Vesper Equities Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário;


- Borlange Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário;


- Milvale Management Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário;


- Premium Investment Group Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário;


- Acapulco Group Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário;


e


- Lavinder Services Limited (Ilhas Bahamas) via Nateus. Mossack Fonseca Bahamas Ltd, intermediário.


Tendo o Presidente João Lourenço já anunciado a intenção do seu governo em promover o repatriamento das fortunas de angolanos no estrangeiro, o Povo Angolano está curioso e expectante, em saber, qual será a reacção de Álvaro Sobrinho?


Sobrinho e as Ilhas Mauricias


O problema de se ter uma grande fortuna pessoal distribuída por dezenas de empresas offshore localizadas em paraísos fiscais e de se querer movimentar essa fortuna ou investir sem dar nas vistas e em relativa segurança, é cada vez mais difícil. Nos dias que correm, para além da questão de eventual evasão fiscal disparam logo os alarmes dos sistemas de compliance das instituições e as autoridades averiguam os detalhes de qualquer transacção, qual a origem dos fundos, quem é o verdadeiro detentor dos fundos, qual é a sua reputação, quem é o beneficiário final, qual o objectivo, etc. Sob pressão das autoridades suíças e outras entidades europeias, Álvaro Sobrinho, que já havia ensaiado sem sucesso, um regresso à banca angolana através da compra da maioria do capital do Banco Valor (comprou mas o BNA vetou a sua entrada na administração), tentou depois a sua sorte nas Ilhas Maurícias, um país que, desde os anos 90, se pretende posicionar como uma plataforma privilegiada para investimento internacional em África, esforço em que tem tido sucesso.


As Maurícias pretendem também ser conhecidas como um centro financeiro limpo, sem escândalos e com boa reputação.


Depreende-se que a estratégia de entrada de Sobrinho naquele país foi cuidadosamente planeada. Já acima foi dito que um seu associado, José Pinto, um ex- director da Akoya, mudara-se em 2016 da Suíça para as Ilhas Maurícias. Ali, tratou de alguns dos processos de Sobrinho, juntamente com Maurício Jorge Almeida Fernandes.


E essa estratégia passava por criar uma base mauriciana para alguns dos fundos de Sobrinho e ainda criar os instrumentos para supostos futuros investimentos feitos a partir dessa base. Nomeadamente, através da criação de várias empresas e de um banco de investimentos.


Inicialmente as coisas correram bem a Álvaro Sobrinho. A Comissão de Serviços Financeiros das Maurícias concedeu em 28 de Agosto de 2015 uma licença de Operação Global de Negócios e ao mesmo tempo Sobrinho criou a African Asset Management Limited, que por sua vez detinha o capital de duas empresas, o ASA Fund e o PASET Fund. Cerca de um ano e meio mais tarde, comprou mais duas entidades, a Taysun Corporate Services, que por sua vez era accionista da Taysun Fiduciary Services, Limited. E criou a Alvaro Sobrinho Africa Limited.


Mas o Banco central das Maurícias resistia em conceder-lhe uma licença bancária para operar um banco de investimentos, talvez porque se apercebeu rapidamente quem realmente era Álvaro Sobrinho (contactou as autoridades portuguesas, fez uma verificação no sistema Worldcheck e conduziu uma vulgar pesquisa detalhada na internet) tenha tomado conhecimento do que sucedera com Sobrinho no BESA em Angola e ainda os seus problemas na Suíça e em Portugal.


Sobrinho subiu então a parada. No que aparenta ser no mínimo uma operação de charme com objectivo de influenciar os políticos locais, manda instalar uma delegação do seu Planet Earth Institute (PEI) nas Ilhas Maurícias, com grande fanfarra pública oferece cerca de dez bolsas de estudo para doutorandos locais e convida nada menos que a então Presidente do país, Ameena Karim, para ser uma trustee do PEI. Note-se que as Maurícias são um pequeno país com pouco mais que um milhão de habitantes e uma imprensa livre e vigorosa. Numa sociedade assim, toda a gente sabe tudo sobre o que ali se passa. Quando se soube que, em seguida Sobrinho mandara comprar sete viaturas de luxo por cerca de um milhão de euros, presume-se que para oferecer a locais, houve comentários na imprensa a questionar quem era afinal este, até então desconhecido “bom samaritano”, que parecia estar a comprar os seus políticos, e o que estava a fazer. Pouco depois, Sobrinho anunciou também que, através de uma outra sua empresa, a Vango Properties, tencionava comprar um conjunto de vivendas de luxo na ilha (onde também já havia comprado uma residência de luxo para morar) as pessoas e a imprensa questionaram ainda mais sobre quem era o bilionário angolano, mencionando abertamente o episódio BESA e os problemas em Portugal e na Suíça.


Mas o que criou uma atmosfera de escândalo foi a concessão das licenças para operar, concedidas pela Comissão de Serviços Financeiros, na sequência de uma alteração na regulamentação que foi considerada suspeita, enquanto que o banco central lhe recusara a licença bancária. Ora, não é aceitável que uma pessoa seja considerada idónea num processo e não o seja no outro. Na sequência deste processo, a Presidente das Maurícias demitiu-se. Apesar de tudo, e para enorme desconforto de vários sectores da sociedade, é permitido a Sobrinho fazer os seus negócios, sendo tal apontado como uma potencial nódoa reputacional para o país, que um comentador referiu ser uma “república das bananas” por permitir que alguém tão tóxico como Sobrinho, pudesse exercer as suas influências ao mais alto nível do pequeno país, para concretizar os seus planos criminosos e continuar impune.


Esta é, então, resumidamente, a teia à escala global, construída por Álvaro Sobrinho desde a sua estrondosa saída do BESA em 2013.


A gigantesca fraude no BESA permanece um dos maiores crimes financeiros ocorridos na história de Angola e que misteriosamente, nunca foi devidamente investigado. Álvaro Sobrinho está e é o epicentro desse processo, a que também não são alheios Manuel Vicente, Manuel Helder Vieira Dias “General Kopelipa” e Leopoldino Fragoso do Nascimento “General Dino”, entre outros…


Contrariamente ao que muitos julgam, as consideráveis dificuldades por que o Povo angolano tem passado nos últimos três anos, não se devem apenas à baixa nas receitas do petróleo. Devem-se também às dificuldades por que estão a passar a economia e os bancos angolanos, de que se destaca a falência com contornos criminosos do BESA, liderada por Álvaro Sobrinho e seus pares, o qual, após ter sido retirado da sua gestão, surgiu “subitamente” bilionário no estrangeiro e que, através da sua vasta fortuna, influência e meios disponíveis, como avultados investimentos em meios de comunicação social que lhe permitem exercer uma influência considerável, protegendo e promovendo uma certa versão “positiva” da sua imagem, o que ainda lhe vai permitindo continuar com a sua vasta agenda de planos criminosos.


Quando se ler na imprensa e nas redes sociais acerca do que está bem ou mal em Angola, e se mencionarem nomes e se fizerem alegações, deve-se colocar a questão prévia sobre o que é que realmente aconteceu no BESA, de onde proveio a fortuna pessoal de Álvaro Sobrinho, qual o papel desempenhado pela sua vasta “Teia” e seus associados, e ainda quais serão os seus próximos planos e qual será o desfecho de todo este imbróglio.


Como foi atrás referido, todo o acto jornalístico é, em última análise, um acto publicista. E nas peças jornalísticas, só se sabe o que contam os próprios, os seus agentes ou os seus inimigos. Mas um Estado de direito tem o dever e a obrigação de ir mais longe e de defender a Lei e o próprio Estado. As mudanças verificadas com a eleição do Presidente João Lourenço, a nomeação de um novo Governador do BNA e mais recentemente, o empossamento de um novo PGR, abrem novos horizontes a uma investigação pela Procuradoria-Geral da Republica de Angola a este sinistro processo, o que seria um passo importante para a credibilização da justiça, das instituições e sistema financeiro angolanos.


Por: Um Quadro frustrado do ex-BES

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